Para especialistas, não é possível eleger um único “vilão” para a crise. Organismo de alimentos da ONU aponta principais fatores.
LISA GUIMARÃES do G1, em São Paulo
Os alimentos estão mais caros e , no mundo todo, o tema deixa autoridades em alerta e esquenta debates em torno das possíveis causas para a escassez de comida.
Para explicar a crise atual, no entanto, não é possível eleger um “vilão” específico. Segundo especialistas, são muitos os fatores que culminaram no cenário de inflação agravado desde o começo do ano.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas, a falta de alimentos ameaça como um “tsunami silencioso”, e pode afundas na fome 100 milhões de pessoas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação (FAO) os principais fatores que influenciam a alta dos preços são o aumento da demanda, a alta do petróleo, a especulação e condições climáticas desfavoráveis. Há controvérsias sobre a dimensão da responsabilidade dos bicombustíveis, cujas matérias-primas (cana, milho e outras) disputam espaço com culturas destinadas à produção de comida. Saiba mais sobre cada um desses fatores.
Mais demanda, menos oferta
A população mundial está comendo mais. Especialmente nas economias que têm registrado maior expansão, como a China, que tem 1,3 bilhões de habitantes. Com mais gente comprando, vale a lei da oferta e da procura: os produtos se valorizam no mefcado e ficam mais caros.
Alta do petróleo
O preço do barril de petróleo vendido em Nova York e em Londres tem, sim, relação direta com a escalada do valor dos alimentos, já que a agricultura demanda grandes quantidades do óleo, seja no maquinário, tratores, uso de fertilizantes ou transporte, até esse produto chegar ao consumidor.
“O aumento no petróleo também faz com que o preço final dos alimentos fique mais caro”, diz Francisco Carlos Teixeira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, o preço do barril influi diretamente nas commodities agrícolas em duas pontas: na produção e na distribuição.
“Hoje, a agricultura é totalmente industrializada e depende em boa medida do petróleo, usado como matéria-prima para uma série de produtos, como defensivos agrícolas e químicas de preparação da lavoura. Além disso, também movimenta os veículos que transportam as safras agrícolas”, diz Teixeira.
Especulação
Com a queda do dólar, investidores que ganhavam dinheiro investindo na moeda norte-americana migraram para a aplicação em outras commodities, como os produtores agrícolas.
Muitos fundos têm usado as bolsas de mercadorias para especular com antecipação da compra de commodities como o trigo e o arroz.
Segundo a FAO, os preços internacionais do arroz começaram uma escalada desde o início do ano, depois de subirem 9% em 2006 e 17 % em 2007. O preço do produto subiu 12% em fevereiro e mais 17% em março, segundo o índice ALL Rice Price, elaborado pela entidade.
Condições climáticas
O clima é outro fator que reduziu a quantidade de alimentos produzida no mundo, segundo relatório da ONU divulgado na semana passada.
As condições climáticas desfavoráveis devastaram culturas na Austrália e reduziram as colheitas em muitos outros países, em particular na Europa, segundo a FAO.
Segundo a previsões da FAO, as reservas mundiais de cereais caíram para o seu nível mais baixo em 25 anos com 405 milhões de toneladas em 2007/08, 5% (21 milhões de toneladas) abaixo do nível já reduzido do ano anterior.
Bicombustíveis?
“Os bicombustíveis são apenas uma gota no oceano desse cenário de aumentos”, diz a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Suzana Kahn Ribeiro.
Segundo ela, o caso do bicombustível é particular do etanol fabricado a partir do milho dos Estados Unidos. “O milho é uma cultura alimentar e, de fato, começou a haver um desvio da produção de milho com finalidade para alimento para a produção do etanol”, diz.
Com a redução da oferta de milho, subiu o preço dos derivados, o que começou um processo em cadeia; aumentou o preço da ração dos animais e, conseqüentemente, das carnes. “No Brasil (onde o etanol é feito a partir da cana de açúcar) a realidade é bem diferente; tanto que, no nosso histórico dos últimos 30 anos, aumentamos a produção não só do etanol, mas também de alimentos”, diz.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Crise mundial dos alimentos
Postado por Sir Eddie Ferr às 11:09
Categorias: Artigos, Economia, Nutrição e Alimentação
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1 Comentários:
Como o presidente mesmo disse " os pobres passaram a comer"
a inflação se agrava cada vez mais
Os altos preços são para controlar o consumo de pobres, pois se todos comecem a oferta de alimento deveria ser o dobro da que temos hoje em dia!
beijosteamo
:*
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